Dissertação de Mestrado sobre Derramamento de óleo no rio Negro.

Júlio César Costin

As diatomáceas epilíticas constituem uma das mais representativas comunidades
componentes do perifíton. Podem ser utilizadas como indicadores de integridade biológica
e de condições químicas da água em rios e lagos, principalmente para avaliar a poluição de
origem orgânica. A relativa falta de mobilidade pelo hábito normalmente séssil e o curto
ciclo de vida constituem nas principais vantagens do uso de diatomáceas perifíticas como
bioindicadores. O rio Negro é um dos principais afluentes da margem esquerda do rio
Iguaçu e faz divisa entre os municípios de Mafra/SC e Rio Negro/PR. Em setembro de
2004, um acidente envolvendo oito vagões e duas locomotivas ocasionou o derramamento
de 120 mil litros de óleo vegetal e 60 mil litros de óleo diesel em suas águas. O presente
estudo visou verificar a resposta da comunidade de diatomáceas frente ao derramamento
de óleo diesel e vegetal, através do estudo da composição, densidade e abundância das
espécies. A estação de amostragem (26
0
06’ 46,6’’ S e 49
0
47’ 22,1’’ W) situa-se a 22 Km a
jusante do local do derramamento. Foi realizado o estudo taxonômico das diatomáceas
epilíticas, com base na coleta de 12 seixos amostrados na calha do rio Negro, em quatro
amostragens (uma amostragem datada previamente ao derramamento e três após o
derramamento). Concomitante à amostragem de seixos, foi coletada água para análise de
parâmetros físico-químicos como condutividade, DBO5, DQO, Fosfato, Nitrato, Nitrito, O.D.
e pH. Foram contadas, no mínimo, 600 valvas para determinação de espécies abundantes.
Índices ecológicos como o de Similaridade de Jaccard, de Bray-Curtis e o Índice de
Diversidade de Shannon foram aplicados para verificar as possíveis mudanças na estrutura
da comunidade. Foram identificados 99 táxons infra-genéricos, entre os quais seis
variedades, uma forma taxonômica e três táxons em nível genérico, todos ilustrados. O
estudo contribuiu com cinco novos registros para o estado do Paraná: Adlafia muscora,
Gomphonema parvulum f. saprophilum, Luticola kotschyi, Navicula sp. e Neidium sp. A
maior riqueza específica foi encontrada na fase de pré-derramamento, onde foram
registradas 82 espécies. As três amostragens pós-derramamento apresentaram sucessiva
redução na riqueza apresentando 58 espécies, 44 espécies e 37 espécies,
respectivamente. A amostragem pré-derramamento apresentou grande exclusividade de
táxons em relação às três amostragens pós-derramamento, sendo que a última coleta
apresentou representativa redução na diversidade e riqueza de espécies. Duas espécies
foram abundantes em todas as amostragens: Eolimna minima e Achnanthidium
minutissimum. Espécies do gênero Achnanthidium apresentaram diferentes
comportamentos: A. biasolettianum deixou de ser registrada progressivamente nas
amostras, A. exiguum foi encontrado em todas as amostragens e A. minutissimum sempre
foi considerada abundante. As seguintes espécies Achnanthidium biasolettianum,
Chamaepinnularia bremensis, Navicula salinicola, Navicula vilaplanii, Neidium sp, Nitzschia
frustulum e Surirella stalagma foram abundantes antes do derramamento e não foram
encontradas na última amostragem após o derramamento. O parâmetro físico-químico da
água que sofreu maior alteração na fase pós-derramamento foi a DQO, sendo que este
parâmetro tem relação com a presença de óleo vegetal na água. Concluiu-se portanto, que
houve modificação na estrutura da comunidade de diatomáceas epilíticas ao longo das
coletas realizadas.
Palavras-chave: epilíton, diatomoflórula, rio Negro, óleo diesel e vegetal, bioindicadores

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